Lágrimas pretas.
Desde a criança que
chorou pelo pai, o pai morto pela guerra;
desde os joelhos que
gastaram no camomenar da
mandioca;
ao maluco que
convivia na lixeira com mosca;
das sentinelas que
perderam noites em vigílias,
do descalabro ao
desabrochar da flor no sofrimento irrevogável;
da ambiguidade do
meu sonho morto,
pelas centenas de solas gastas na caminhada pela vida;
aos panos pretos de
velhas enlutadas,
maltratadas pelo sofrimento pelo sonho morto de ter um neto,
porque morto foi o filho no kuito
kuanavale;
caté caté você se não chora é
malé; pelos insultos das crianças
rogados,
rogados aos velhos cansados maltratados pela vida e cair do pano
pela velhice,
quem te disse, quem
te falou; quem não cantou,
quem só dançou? Eu
também não sei;
mas até vejo o
derramar destas lágrimas pretas no seu rosto!
14/07/016
In Andava a procura de um sonho.
"A vitória do silêncio soa mais alto que a derrota da
altivez"