quinta-feira, 14 de julho de 2016

Lágrimas pretas.

Desde a criança que chorou pelo pai, o pai morto pela guerra; 
desde os joelhos que gastaram no camomenar da mandioca; 
ao maluco que convivia na lixeira com mosca; 
das sentinelas que perderam noites em vigílias, 
do descalabro ao desabrochar da flor no sofrimento irrevogável; 

da ambiguidade do meu sonho morto,
pelas centenas de solas gastas na caminhada pela vida; 
aos panos pretos de velhas enlutadas,
maltratadas pelo sofrimento pelo sonho morto de ter um neto,
porque morto foi o filho no kuito kuanavale;

caté caté você se não chora é malé; pelos insultos das crianças rogados,
rogados aos velhos cansados maltratados pela vida e cair do pano pela velhice, 
quem te disse, quem te falou; quem não cantou, 
quem só dançou? Eu também não sei;
mas até vejo o derramar destas lágrimas pretas no seu rosto! 

14/07/016 
In Andava a procura de um sonho.

"A vitória do silêncio soa mais alto que a derrota da altivez"